O filme da filha que entra na China
Fernanda Ramone
organizadora do Doc Brazil Festival
25 de julho de 2015
Ao final da busca, ao final do filme sons de sino.
Água e ar, a vida a pulsar.
O movimento no lago
vestido molhado
escama de peixe a nadar.
Cor carmim.
Encontro das águas
encontro das almas
dualidade a instaurar, o oriente sem fim.
Sem fim nem começo,
no escuro do avesso
no claro do par.
Os cinco elementos
o universo a guiar
paisagem bucólica
tradição milenar.
O filme da filha que entra na China
e a China a mostrar
à filha e à mãe o muito que há.
Assisti ao filme em São Paulo, em tempos de jornadas de 2013, de preparação para a edição especial do festival que organizo na China (DocBrazil Festival), país que foi meu lar durante nove anos. Em setembro do mesmo ano, em Beijing me apresentaram para a Li An, nesta ocasião cheguei a comentar sobre a poesia da cena final do filme, que para mim traz referências muito fortes presentes na cultura chinesa.
Os cinco elementos, a água. O lago que abriga e movimenta a menina de vestido com detalhes carmim como escamas e logo a menina mãe se junta a esta paisagem yin e yang, o céu e a terra, do efêmero e do imortal, do claro e do escuro, da inércia e do ritmo. Imagem que se assemelha a de dois peixes dourados, a dualidade, o dois, retratados constantemente nas pinturas chinesas tradicionais. Carregando o significado da felicidade em função da liberdade proporcionada pelas águas. Da abundância, da comunhão.